A Tirania da Burocracia e a Falência do Ensino ("Um bom exemplo é o melhor sermão." — (Benjamin Franklin)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Por Claudeci Ferreira de Andrade
           Na escola, multiplicam-se leis inúteis e ordens momentâneas, criadas para satisfazer os caprichos de cada novo gestor. Essa instabilidade administrativa, marcada pela rotatividade incessante, impede que o professor se adapte e amadureça em sua prática, condenando-o a "morrer de velho" sem nunca se tornar, de fato, um bom educador.
           Essa mesma rotatividade, ao inviabilizar o aperfeiçoamento docente, conduz a um cenário ainda mais perverso: a própria escola mina a autoridade do professor. Ao manipular notas para favorecer o aluno, a instituição afirma, de forma velada, que o esforço do docente é inútil. A palavra do professor é rasurada na secretaria, sua dedicação se converte em suspeita, sua avaliação em mentira. Assim, ele não apenas "morre de velho", mas também de descrédito — vítima de um sistema que o consome por dentro.
           O núcleo da falência está nos gestores que legislam em causa própria. Criam regras frágeis e parciais, que parecem já nascer pedindo para ser quebradas. E, quando uma se rompe, arrasta consigo a autoridade das demais, instaurando uma anarquia silenciosa que se alastra pelos corredores.
           No campo pedagógico, a deformação é ainda mais cruel. Todos querem ensinar o professor a ensinar, mas ninguém ensina o aluno a aprender. O docente se vê forçado a "ensiná-lo a voar do chão", pois suas asas foram aparadas pelo próprio sistema. E quando, por fim, essas asas crescerem, o aluno estará "gordo demais para levantar voo" — imobilizado pelo excesso de concessões e pela ausência de desafios reais.
           No fundo, o sistema educacional fracassa porque vive da contradição entre discurso e exemplo. Ali, o exemplo fala mais alto que qualquer palavra, e "professores já foram alunos." Se a escola insiste em propagar incoerências, ela apenas perpetua sua própria ruína. Afinal, como advertiu François La Rochefoucauld: "Nada é tão contagioso como o exemplo."
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O texto que acabamos de ler é um manifesto poderoso que critica a estrutura da educação. Para aprofundarmos essa discussão em nossa aula de Sociologia, preparei cinco questões discursivas e abertas. Lembrem-se de usar os conceitos sociológicos para fundamentar suas respostas.
1 - O autor critica a "multiplicação de leis inúteis e ordens momentâneas" nas escolas. De que forma o excesso de burocracia e a instabilidade gerencial (rotatividade de gestores) afetam a autonomia profissional do professor, conforme analisado na Sociologia do Trabalho?
2 - O texto afirma que, ao manipular notas para favorecer o aluno, "a própria escola mina a autoridade do professor". Explique como essa prática de intervenção administrativa sobre a avaliação docente pode levar à perda de legitimidade do professor e à desvalorização do conhecimento.
3 - O autor usa a metáfora do aluno com as "asas aparadas" que estará "gordo demais para levantar voo" para criticar a ausência de desafios. Sob a perspectiva da Sociologia da Educação, como a facilitação excessiva e a falta de rigor podem comprometer o desenvolvimento do senso crítico e da responsabilidade dos estudantes?
4 - A frase "Todos querem ensinar o professor a ensinar, mas ninguém ensina o aluno a aprender" aponta para uma inversão de prioridades. Discuta como essa lógica reflete a pressão social e política sobre o sistema educacional. Quem são os agentes sociais que exercem essa pressão e quais são os resultados (positivos ou negativos) dessa centralidade no controle do professor?
5 - O texto conclui que o sistema fracassa porque "o exemplo fala mais alto que qualquer palavra", citando La Rochefoucauld. Explique como a coerência entre o discurso (o que a escola promete ensinar) e a prática institucional (o que a escola faz ao manipular notas e criar burocracia) atua como um fator de socialização dos alunos. Que "exemplo" a escola está transmitindo aos estudantes sobre a ética e as regras?
Na escola, multiplicam-se leis inúteis e ordens momentâneas, criadas para satisfazer os caprichos de cada novo gestor. Essa instabilidade administrativa, marcada pela rotatividade incessante, impede que o professor se adapte e amadureça em sua prática, condenando-o a "morrer de velho" sem nunca se tornar, de fato, um bom educador.
Essa mesma rotatividade, ao inviabilizar o aperfeiçoamento docente, conduz a um cenário ainda mais perverso: a própria escola mina a autoridade do professor. Ao manipular notas para favorecer o aluno, a instituição afirma, de forma velada, que o esforço do docente é inútil. A palavra do professor é rasurada na secretaria, sua dedicação se converte em suspeita, sua avaliação em mentira. Assim, ele não apenas "morre de velho", mas também de descrédito — vítima de um sistema que o consome por dentro.
O núcleo da falência está nos gestores que legislam em causa própria. Criam regras frágeis e parciais, que parecem já nascer pedindo para ser quebradas. E, quando uma se rompe, arrasta consigo a autoridade das demais, instaurando uma anarquia silenciosa que se alastra pelos corredores.
No campo pedagógico, a deformação é ainda mais cruel. Todos querem ensinar o professor a ensinar, mas ninguém ensina o aluno a aprender. O docente se vê forçado a "ensiná-lo a voar do chão", pois suas asas foram aparadas pelo próprio sistema. E quando, por fim, essas asas crescerem, o aluno estará "gordo demais para levantar voo" — imobilizado pelo excesso de concessões e pela ausência de desafios reais.
No fundo, o sistema educacional fracassa porque vive da contradição entre discurso e exemplo. Ali, o exemplo fala mais alto que qualquer palavra, e "professores já foram alunos." Se a escola insiste em propagar incoerências, ela apenas perpetua sua própria ruína. Afinal, como advertiu François La Rochefoucauld: "Nada é tão contagioso como o exemplo."
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O texto que acabamos de ler é um manifesto poderoso que critica a estrutura da educação. Para aprofundarmos essa discussão em nossa aula de Sociologia, preparei cinco questões discursivas e abertas. Lembrem-se de usar os conceitos sociológicos para fundamentar suas respostas.
1 - O autor critica a "multiplicação de leis inúteis e ordens momentâneas" nas escolas. De que forma o excesso de burocracia e a instabilidade gerencial (rotatividade de gestores) afetam a autonomia profissional do professor, conforme analisado na Sociologia do Trabalho?
2 - O texto afirma que, ao manipular notas para favorecer o aluno, "a própria escola mina a autoridade do professor". Explique como essa prática de intervenção administrativa sobre a avaliação docente pode levar à perda de legitimidade do professor e à desvalorização do conhecimento.
3 - O autor usa a metáfora do aluno com as "asas aparadas" que estará "gordo demais para levantar voo" para criticar a ausência de desafios. Sob a perspectiva da Sociologia da Educação, como a facilitação excessiva e a falta de rigor podem comprometer o desenvolvimento do senso crítico e da responsabilidade dos estudantes?
4 - A frase "Todos querem ensinar o professor a ensinar, mas ninguém ensina o aluno a aprender" aponta para uma inversão de prioridades. Discuta como essa lógica reflete a pressão social e política sobre o sistema educacional. Quem são os agentes sociais que exercem essa pressão e quais são os resultados (positivos ou negativos) dessa centralidade no controle do professor?
5 - O texto conclui que o sistema fracassa porque "o exemplo fala mais alto que qualquer palavra", citando La Rochefoucauld. Explique como a coerência entre o discurso (o que a escola promete ensinar) e a prática institucional (o que a escola faz ao manipular notas e criar burocracia) atua como um fator de socialização dos alunos. Que "exemplo" a escola está transmitindo aos estudantes sobre a ética e as regras?
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