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MINHAS PÉROLAS

Descobri porque os alunos correm, gritam, perturbam a minha aula, primeiro porque não valorizo os seus espetáculos patológicos, e depois ignoro seus pedidos à predileção: Para mim, não são todos iguais e meu foco é o Ensino do conteúdo planejado, pois o pratico com os que querem. No final, somos vítimas dos bons propósitos e eles, dos seus maus. Os professores que não passam pelo que passo vão passar a aula toda alimentando os vícios psicológicos dos carentes de atenção e ficam contentes aos verem alunos no sétimo anos sem saber escrever e nem ler o que escreveram. Sou odiado porque sou minoria, e a maioria não pratica o ideal, senão os índices de aproveitamento em todas escolas públicas estariam elevados. Ou, mesmo os que não sabem de mim, estão sendo prejudicados por mim? Ou eu por eles! Seus resultados baixos me prejudicam, e minhas aulas bagunçadas, como vocês costumam dizer, não lhes afetam em nada!
Claudeci Ferreira de Andrade

sábado, 13 de junho de 2009

TODOS DANÇAM! (“Ninguém é totalmente desprezível”)





CRÔNICA

TODOS DANÇAM! (“Ninguém é totalmente desprezível”)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Sei lá quem já falou isto, mas realmente: “ninguém é totalmente desprezível”! Estávamos fazendo os preparativos para a festa junina na escola, todos da comunidade escolar interna precisavam ajudar: tirar folhas dos coqueiros, caçar bambu, subir na armação metálica para dependurar balões de papel e outras atividades corriqueiras do evento. A mão-de-obra totalmente voluntária. Os alunos e professores, quando solicitados, mostravam-se solícitos, mas para fazer as coisas mais fáceis: cortar bandeirolas, confeccionar cartaz, desenhar, pintar, colar papel etc. Porém, um grupo seleto de desprendidos apresentou-se para fazer aquelas ações recusadas, ou seja, as mais pesadas. Observando melhor, notei que os alunos mais indisciplinados em sala tinham grande contribuição para a escola: faziam o serviço que era recusado pela maioria, talvez por ser mais grosseiro, mais arriscado e brutal! Todavia, eles trabalhavam bem, e todos se aproveitavam de seus talentos: faz isso, faz aquilo... Eu, que segurava a escada para um deles trocar as lâmpadas do telhado, gostava do espetáculo.
          Minha reflexão é: que espécie de cidadão queremos educar, não havíamos que diversificar as metodologias ao invés de taxarmos um tipo de aluno de incompetente?
          Como explicar isto: Um aluno indisciplinado, sem produtividade dentro da sala, com os livros, pode ser um bom aluno no pátio da escola com as ferramentas certas! E observei também que às alunas eram-lhes vetadas as atividades pesadas, mesmos as de mau comportamento dentro da sala, não paravam de colar papel amarrar cordão e encangar coisas! Também se tornaram “ovelhinhas”! Contudo, quem poderá explicar isso? Os psicopedagogos? E assim mesmo, a conduta desses alunos “produtivos do pátio”, nos eventos festivos da escola, ainda será considerada inadequada? Só porque eles estão vivendo desajustados educacionalmente dos convencionais métodos da escola! A escola existe para preparar cidadãos. No entanto, o que é isso? A única espécie de cidadão que podemos construir com o sistema calejado que temos é apenas idealizada. E não é real. Verdadeira cidadania só provém da prestatividade, a final a escola não devia preparar o aluno para servir cabalmente a sociedade no que ela precisar? E como melhor condicioná-los em seus direitos e obrigações?
          Eu lhes convido a contemplar a vida real – a examinar a “literatura” que produz efeitos reais, enxergar saudáveis perspectivas das relações interpessoais, avaliar melhor os alunos que queremos. Alguém está minando nossas energias do cérebro com tolices (uniformização). O mundo é a realidade.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 27/06/2009
Código do texto: T1669605

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