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terça-feira, 30 de junho de 2009

FREQUÊNCIA REPROVADA (Dar o peixe frito sem ensinar pescar não ama)



Crônica

FREQUÊNCIA REPROVADA (Quem dá o peixe frito sem ensinar pescar não ama)

terça-feira, 30 de junho de 2009
Por Claudeci Ferreira de Andrade


          O objetivo em que se baseia toda boa experiência educacional é a transformação genuína do indivíduo comum em cidadão de bem.
           Joãozinho era provavelmente o mais pobre dos meus alunos. No entanto o motivo pelo qual se uniu à escola seria promover-se a si mesmo como dirigente de homens: político.
           Patricinha, a “filhinha de papai”, tentou me comprar. Pensou que se pudesse adquirir favores e usá-los egoisticamente, promoveria a si mesma e tornar-se-ia uma mulher próspera.
           Outra razão que detectei no frequentar de meus alunos à escola é o que podemos chamar de motivo de sobrevivência. A criatura humana vê alguns de seus amigos, correndo atrás dos programas do governo: bolsa escola, salário escola, renda cidadã, vale-gás etc. (agora ganharam até bicicleta para correr atrás disso) e acha que tem de fazer à mesma coisa.
           Há indivíduos cujo motivo é “lanchar”.  Aliás, de todos os incentivos promovedores de frequência, este é o pior; desvia a atenção do objetivo principal e engana o estomago do “despreparado”, fazendo da sala de aula o refeitório e sem o momento da escovação. Esse aluno aprende que é preferível o peixe já pescado e frito na hora “certa” do que a dignidade do aprender adquiri-lo. Sua mente torna-se como o Mar Morto: repleta de valiosos elementos e materiais, mas sem uma finalidade útil. É uma característica da preguiçosa mente humana, preocupar-se em demasia com os atalhos. Isso desenvolve insaciável curiosidade por tudo, menos de conhecer o verdadeiro objetivo da vida. Essa atitude irresponsável conduz à dissipação da capacidade mental.
           O motivo dos que buscam a boa educação é único. Em primeiro lugar, eles procuram conhecer mais o seu próprio caráter e lutam fervorosamente para que sejam semelhantes aos grandes homens da história, do tempo que não se tinham incentivos politiqueiros na escola, não se dava livro, uniforme, caderno, “notas” e nem lanche: subornos mil. Procuram crescer como eles. Procuram então usar seus talentos bem desenvolvidos com os conteúdos da matriz curricular bem direcionados, querem ser úteis ao próximo e a sociedade. Que motivo precioso! Desta maneira, a pessoa preparada não só honra o seu próprio nome, mas também o da escola! Já em segundo plano, colecionam-se diplomas, automaticamente.
           Conta-se que quando os barcos que pescavam camarões nas águas do litoral da Flórida se afastaram da região de Santo Agostinho e começaram a atuar em Key West, ocorreu uma pequena tragédia. Centenas de gaivotas morreram na praia e muitas foram arrebatadas pela maré. o mistério foi esclarecido quando se descobriu que essas gaivotas se esqueceram de pescar por se haverem acostumado a alimentar-se de camarões jogados para fora dos barcos. Como resultado, morreram de fome. O governo atrofia o povo com seu ar de misericórdia.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 06/08/2009
Código do texto: T1739637


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