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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

ESTRATAGEMAS EDUCACIONAIS ("Ganham-se melhor as guerras pelo estratagema; mas ao povo governa-se melhor pela franqueza." — Textos Taoístas)



CRÔNICA


ESTRATAGEMAS EDUCACIONAIS ("Ganham-se melhor as guerras pelo estratagema; mas ao povo governa-se melhor pela franqueza." — Textos Taoístas)

*Por Claudeci Ferreira de Andrade

O dicionário Aurélio, um velho companheiro das estantes, define "estratagema" como um ardil de guerra, uma manobra destinada a confundir o inimigo. Essa definição imediatamente evoca a imagem do Cavalo de Troia, um ícone dos relatos históricos. Mas, ao refletir sobre o embate entre o letramento e o analfabetismo, percebo que essa guerra silenciosa também é repleta de estratégias engenhosas, travada em espaços tão diversos quanto salas de aula, bibliotecas e as ruas.

Nessa batalha pela educação, os professores são verdadeiros combatentes, utilizando projetos como Acelera Goiás, EJA, Alfalite, Vaga-lume e Mais Educação como armas para levar conhecimento aos mais variados cantos. Essas iniciativas funcionam como pontes sobre o abismo da ignorância, guiando os educandos rumo a níveis mais altos de escolarização. Contudo, a realidade mostra que muitos, como quem procura atalhos em uma trilha íngreme, optam pelo caminho mais fácil. Esse desejo por resultados rápidos muitas vezes compromete a profundidade e a qualidade do aprendizado.

Essas escolhas me remetem às histórias bíblicas que encantaram minha infância. Gideão enfrentou um exército de 135 mil midianitas com apenas trezentos homens, desafiando toda lógica militar. Da mesma forma, Davi, munido de uma funda e cinco pedras, confrontou o gigante Golias, que bradou incrédulo: “Acha que sou algum cão?”. Estratégias como essas pareciam absurdas à razão humana, mas eram estratagemas divinos, capazes de transformar o improvável em vitória.

Essa reflexão me leva à figura do professor, tantas vezes desprovido de atributos grandiosos ou reconhecimento pleno. É alguém que, munido apenas de dedicação e conhecimento, persiste. Quantas vezes esse profissional se sente como a mais frágil das criaturas? No entanto, tal como Gideão e Davi, ele também carrega o poder de transformar. Sua força está na paixão por preservar os “marcos antigos”, na humildade de aprender sempre e na habilidade de usar as ferramentas que domina com destreza.

Recordo-me de um professor que tive no ensino fundamental. Ele não era o mais eloquente, mas possuía uma paixão inegável pelo que fazia. Valorizava as bases da educação e nos ensinava a construir sobre elas. Reforçava que "o novo só tem sentido se for um melhoramento do velho", alinhando-se ao princípio de Lavoisier: "Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Ele acreditava que o respeito ao passado era o alicerce para inovações sólidas.

Ao olhar para trás, vejo que esses estratagemas – a paixão, a humildade e o domínio do ofício – são o que tornam um profissional verdadeiramente notável. Não importa a adversidade, seja no "quinto dos infernos" ou em cenários menos dramáticos, ele se mantém resiliente. Porque, no fundo, sempre haverá necessidade de quem preserva e compartilha o conhecimento, quem constrói pontes entre gerações e quem mantém viva a chama da sabedoria.

A educação é, de fato, uma guerra silenciosa contra a ignorância. E os professores, com seus próprios estratagemas, permanecem na linha de frente. Eles enfrentam não apenas a falta de recursos, mas também o desafio de resgatar o valor do aprendizado em um mundo que frequentemente busca atalhos. Resgatar o respeito pelos “bons tempos idos” não é uma nostalgia vazia, mas um reconhecimento da importância de fundamentos sólidos, capazes de sustentar as mudanças necessárias para o presente e o futuro.


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, elaborei 5 questões discursivas sobre o texto apresentado, buscando abranger seus temas principais:


1. O texto utiliza a metáfora da guerra para descrever o embate entre letramento e analfabetismo. Explique como essa metáfora é desenvolvida ao longo do texto, citando exemplos de "estratagemas" mencionados.

2. O autor aborda a busca por "atalhos" no processo de aprendizado. De que forma essa busca é caracterizada e quais as suas possíveis consequências, segundo o texto?

3. As figuras bíblicas de Gideão e Davi são utilizadas como exemplos no texto. Qual a relação estabelecida entre essas figuras e a figura do professor?

4. O texto menciona a importância de preservar os "marcos antigos" na educação. Explique o significado dessa expressão dentro do contexto do texto e como ela se relaciona com a ideia de inovação.

5. Na conclusão, o autor afirma que a educação é uma "guerra silenciosa contra a ignorância". De acordo com o texto, quais são os principais desafios enfrentados pelos professores nessa "guerra"?

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