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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

HAJA EDUCAÇÃO PARA EJA ("[Na EJA], é imprescindível que o professor consiga levar os estudantes a participar constantemente de cada ação educativa, interagindo ativamente com os outros e com o meio, permitindo reflexões e a busca por soluções transformadoras, e, assim, deixando a condição de oprimidos ou excluídos." — Paulo Ricardo Zargolin)



HAJA EDUCAÇÃO PARA EJA ("[Na EJA], é imprescindível que o professor consiga levar os estudantes a participar constantemente de cada ação educativa, interagindo ativamente com os outros e com o meio, permitindo reflexões e a busca por soluções transformado

Por Claudeci Ferreria de Andrade

Aqui estou eu, um professor, navegando nas águas turbulentas da educação pública. Uma batalha constante entre a oferta excessiva de vagas pela escola e o interesse diminuto do aluno em ocupá-las. A escola pública, em sua ânsia de inclusão, chega ao ponto de buscar o aluno em casa, alimentando a desconfiança da população em tudo que é oferecido gratuitamente. Não é surpresa, portanto, a decadência do sistema educacional público. A solução para este problema parece inalcançável, especialmente quando não exige esforço do público-alvo.

Lembro-me dos dias em que lecionava para adolescentes e adultos da EJA. Via neles uma incorporação inadequada do espírito de desprezo, forçando um comportamento incoerente com a proposta educacional. Além da dificuldade de assimilação dos conteúdos, eles se empenhavam em chamar minha atenção com brincadeiras descabidas e perguntas embaraçosas. "Professor, por que o senhor não ficou em casa hoje?" "Este trabalho é para entregar ou deixar no caderno?" "Quantos pontos vale esta tarefa?" Perguntas que não caberiam no repertório de quem aspira à universidade.

Muitas vezes, olhei para aqueles alunos adultos, que talvez nem tivessem tido infância, agora fora de sua idade normal para as séries regulares. Eram agressivos, sempre armados contra o professor, maltratavam-me como se eu fosse o culpado pelos seus bloqueios. Então, eu me perguntava, o que fizeram eles na escola quando criança e adolescente?

E ainda, continuo me perguntando: Por que vieram à escola e por que só agora? Há um tipo de aluno na EJA, hoje em dia, que deseja saber por que as escolas estão perturbadas, mas ele não colabora. Há outros que frequentam para conseguir um diploma fácil e outros ainda que são atraídos pelos encantos dos projetos inclusivos: o lanche, o material didático etc. Mas nunca o verdadeiro objetivo: debruçar-se na busca do conhecimento acadêmico.

As classes da EJA são muito heterogêneas. Ali está um professor ajustado para trabalhar com a maioria sem o nível para a série que está cursando, e mais ou menos um quarto da sala é obrigado a "amassar barro" em nome da uniformização, aprendendo o que já sabia. Uns esperando pelos outros, onde o progresso é proibido.

É fácil ler esta crônica e apontar o dedo do escárnio para mim, mas digo que com a mesma dureza que me julgam serão condenados. Quais são minhas condições de trabalho, para esta demanda favorecida? O que posso fazer a estas pessoas que desperdiçaram todas as suas oportunidades e agora querem aproveitar as iscas do sistema educacional, facilitando a vida dos que gostam de reduzir o analfabetismo a qualquer custo e fazer bonitas estatísticas? Devemos pagar para trabalhar ou podemos continuar dormindo na paz da inércia enquanto alunos "especiais" nos depreciam? Irônico mesmo é os "técnicos" da educação transformarem todo o ensino regular do noturno em Eja e chamar isso de "Fortalecimento".

No final das contas, acredito que a educação é uma via de mão dupla. Não basta apenas a escola oferecer, é preciso que o aluno queira aprender. E para aqueles que realmente desejam, que não se deixem desanimar pelas adversidades. Afinal, a educação é a chave para um futuro melhor. E eu, como professor, estarei sempre aqui, pronto para orientar aqueles que desejam seguir esse caminho.




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