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MINHAS PÉROLAS

terça-feira, 30 de agosto de 2022

DIVERSÃO SE COMPRA, AMIZADE FALSA TAMBÉM ("É assim a vida, vai dando com uma mão até que chega o dia em que tira tudo com a outra". — José Saramago)

 


DIVERSÃO SE COMPRA, AMIZADE FALSA TAMBÉM ("É assim a vida, vai dando com uma mão até que chega o dia em que tira tudo com a outra". — José Saramago)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Sexta-feira. O dia em que resolvi separar um pouco de dinheiro apenas para mim. De agora em diante, será um ritual: toda sexta terão meu "Sextou!".

Trabalhar é importante, sem dúvida, mas de que serve acumular recursos se não há tempo para desfrutá-los? Apesar das contas e compromissos que me aguardam, estabeleci uma nova prioridade: viver. Inspirado na frase de minha amiga Márcia Cristina — “Tenho pena de morrer!” — decidi investir em mim mesmo. Quero que minhas escolhas me conduzam à força e à serenidade, e que meus vínculos afetivos tenham o peso da autenticidade. Meu coração está aberto às pessoas, pois busco segurança, apoio concreto e, sobretudo, gente confiável.

Talvez tenha sido Deus quem ouviu minhas orações, ou talvez os ventos tenham conspirado a meu favor, trazendo-me recursos suficientes até para comprar amizades — ainda que falsas —, aquelas que, de algum modo, nos mantêm acompanhados. E viva o carnaval dessas cumplicidades de ocasião. O curioso é que, sabendo-as falsas, sinto-me autorizado a tratá-las na mesma medida, sem remorso algum.

Ainda assim, reconheço o risco de me acostumar demais a esse jogo de máscaras. A desilusão ensina a desconfiar, mas retribuir falsidade com falsidade pode aprisionar em um ciclo de isolamento. O verdadeiro desafio, talvez, não esteja em aceitar a superficialidade como estratégia de sobrevivência, e sim em ousar buscar conexões raras e genuínas — mesmo que escassas, mesmo que frágeis.

A falsidade protege, é verdade, mas somente nos encontros autênticos — ainda que raríssimos — a vida revela um sentido que perdura. É esse viver, mais sincero, que escolho celebrar.


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Vamos analisar juntos o texto que acabamos de ler. Ele nos faz refletir sobre temas muito presentes na Sociologia, como as relações sociais, o consumo e o individualismo na sociedade moderna. Com base nisso, preparei algumas questões para vocês responderem. Lembrem-se de usar suas próprias palavras e o que aprendemos em sala de aula para complementar as ideias.


1 - No texto, o narrador decide gastar dinheiro consigo mesmo como uma forma de "viver". Relacione essa atitude com o conceito de sociedade de consumo. De que forma o consumo é apresentado como uma busca por felicidade ou significado na vida do narrador?

2 - O autor discute a relação entre ter dinheiro e "comprar amizades". Baseando-se no texto, explique o que o autor entende por "amizades falsas" e por que ele se sente "sem remorso algum" ao tratá-las da mesma forma.

3 - O narrador faz a seguinte reflexão: "Ainda assim, reconheço o risco de me acostumar demais a esse jogo de máscaras." Explique o que seria esse "jogo de máscaras" e o perigo que o autor enxerga em se acomodar a ele.

4 - O texto contrasta as "amizades falsas" com as "conexões raras e genuínas". Com base nas ideias apresentadas, descreva a diferença entre esses dois tipos de relações e por que, para o autor, as relações genuínas são as que dão um "sentido que perdura" à vida.

5 - Em uma sociedade na qual as redes sociais e a valorização do individualismo são cada vez maiores, como o texto se conecta com a nossa realidade? Na sua opinião, quais são os maiores desafios para construir relações autênticas hoje em dia?

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