O PRAZER DA ESCRAVIDÃO ("O verdadeiro prazer da vida é viver com gente que nos seja inferior." — William Makepeace Thackeray)
O cavalo que não aceita cabresto é punido, mas mais estranho ainda é a galinha, que tem asas e vive no chão. Como um “bicho do mato”, carrego a ignorância que me permite ser feliz, mas os animais não precisam disso; a eles, basta a inocência. Na natureza, nenhum animal escraviza o outro; até os parasitas devolvem algo à vida. A relação é sempre vantajosa em algum aspecto, e as formigas operárias não são escravas, pois não têm chefe. Afinal, como disse Will Turner: “‘Nenhuma causa é perdida, se tivermos um só tolo para lutar por ela.’”
Foi observando essas contradições que notei como a sociedade humana imita mal a perfeição da natureza. Crescemos domesticados, acreditando que a obediência cega é uma virtude que nos acorrenta em silêncio. Somos treinados a aceitar cabrestos invisíveis na escola, na família e no trabalho, e chamamos isso de disciplina. A inocência animal se torna, em nós, uma docilidade forçada. Não surpreende que muitos prefiram a segurança de uma gaiola a arriscar o voo incerto da liberdade que dá medo.
Infelizmente, em toda a sociedade, há os “cultivadores de Bonsai”, que temem a sombra das árvores grandes e, de lá, chamam por mim, divulgando seu lugar seguro e se autodenominando promotores de autoajuda. Eles se contentam em ser seguidores, o que, para mim, é o contrário. Para eles, a vida é a de um “gado”, um povo marcado, mas feliz, como cantava Zé Ramalho: “‘Ê, ô, ô, vida de gado/ Povo marcado, ê!/ Povo feliz!’” Eu me recuso a ser assim.
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Para nossa aula de sociologia, vamos analisar este texto. Ele nos faz refletir sobre a liberdade e a obediência na sociedade. Leiam atentamente e, em seguida, respondam às cinco questões a seguir, que ajudarão a aprofundar nossa discussão.
1 - O autor compara a sociedade humana com a natureza. Com base no texto, explique como ele enxerga a diferença entre a "inocência" dos animais e a "docilidade forçada" das pessoas.
2 - O que o autor quer dizer com a expressão "cabrestos invisíveis"? Em que contextos, segundo o texto, as pessoas aceitam essa forma de controle?
3 - No texto, o autor se refere a alguns indivíduos como "cultivadores de Bonsai". Explique o significado dessa metáfora para a crítica que o autor faz a essas pessoas.
4 - A frase da música de Zé Ramalho, "Povo marcado, ê! Povo feliz!", é usada pelo autor. Qual é a crítica sociológica que ele faz ao se recusar a ser parte desse "povo"?
5 - O autor afirma que a liberdade é um "voo incerto que dá medo". Como essa ideia se conecta com a crítica feita à "segurança de uma gaiola"?
O cavalo que não aceita cabresto é punido, mas mais estranho ainda é a galinha, que tem asas e vive no chão. Como um “bicho do mato”, carrego a ignorância que me permite ser feliz, mas os animais não precisam disso; a eles, basta a inocência. Na natureza, nenhum animal escraviza o outro; até os parasitas devolvem algo à vida. A relação é sempre vantajosa em algum aspecto, e as formigas operárias não são escravas, pois não têm chefe. Afinal, como disse Will Turner: “‘Nenhuma causa é perdida, se tivermos um só tolo para lutar por ela.’”
Foi observando essas contradições que notei como a sociedade humana imita mal a perfeição da natureza. Crescemos domesticados, acreditando que a obediência cega é uma virtude que nos acorrenta em silêncio. Somos treinados a aceitar cabrestos invisíveis na escola, na família e no trabalho, e chamamos isso de disciplina. A inocência animal se torna, em nós, uma docilidade forçada. Não surpreende que muitos prefiram a segurança de uma gaiola a arriscar o voo incerto da liberdade que dá medo.
Infelizmente, em toda a sociedade, há os “cultivadores de Bonsai”, que temem a sombra das árvores grandes e, de lá, chamam por mim, divulgando seu lugar seguro e se autodenominando promotores de autoajuda. Eles se contentam em ser seguidores, o que, para mim, é o contrário. Para eles, a vida é a de um “gado”, um povo marcado, mas feliz, como cantava Zé Ramalho: “‘Ê, ô, ô, vida de gado/ Povo marcado, ê!/ Povo feliz!’” Eu me recuso a ser assim.
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Para nossa aula de sociologia, vamos analisar este texto. Ele nos faz refletir sobre a liberdade e a obediência na sociedade. Leiam atentamente e, em seguida, respondam às cinco questões a seguir, que ajudarão a aprofundar nossa discussão.
1 - O autor compara a sociedade humana com a natureza. Com base no texto, explique como ele enxerga a diferença entre a "inocência" dos animais e a "docilidade forçada" das pessoas.
2 - O que o autor quer dizer com a expressão "cabrestos invisíveis"? Em que contextos, segundo o texto, as pessoas aceitam essa forma de controle?
3 - No texto, o autor se refere a alguns indivíduos como "cultivadores de Bonsai". Explique o significado dessa metáfora para a crítica que o autor faz a essas pessoas.
4 - A frase da música de Zé Ramalho, "Povo marcado, ê! Povo feliz!", é usada pelo autor. Qual é a crítica sociológica que ele faz ao se recusar a ser parte desse "povo"?
5 - O autor afirma que a liberdade é um "voo incerto que dá medo". Como essa ideia se conecta com a crítica feita à "segurança de uma gaiola"?
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