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MINHAS PÉROLAS

sábado, 20 de agosto de 2022

O BEM E O MAL COMPARTILHADOS ("A maldade humana tem apenas uma motivação: a busca insana pela superioridade." — Lúcio Kwayela)

 


O BEM E O MAL COMPARTILHADOS ("A maldade humana tem apenas uma motivação: a busca insana pela superioridade." — Lúcio Kwayela)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Prezados alunos que me veem como um obstáculo, devo confessar que é simples me tirar do caminho: basta que não haja mais alunos, pois sem vocês, não há professor. Contudo, percebo que, em vez de me ignorarem, vocês me atacam. Falam mal de mim e inventam denúncias para esse fim, o que apenas me entristece e alegra aqueles que torcem contra mim. Outros, mais sutis, me elogiam em público, fingindo apoio, mas esse falso suporte só desperta o ciúme dos colegas. Eles, por sua vez, conspiram e lançam sombras até me excluírem do convívio. A discriminação é, afinal, a prova mais viva da maldade instalada. Meu problema é simples, embora solitário: "consigo ver o anzol, enquanto vocês ainda se distraem com a isca".

As aulas gratuitas oferecidas pelo Estado deveriam despertar gratidão, afinal, o professor, como funcionário do povo, sustenta-as com sua voz e seu tempo. No entanto, a sociedade o reduz à condição de assalariado, como se seu salário anulasse o valor de seu serviço. Curiosamente, o governador, também pago com dinheiro público, é aplaudido e eleito como um benfeitor.

Esse paradoxo não se restringe ao professor. Médicos, policiais e garis são igualmente alvos fáceis de críticas, como se a remuneração de seus ofícios anulasse o impacto de suas ações. Esquecemos que a dignidade de um trabalho não está no contracheque, mas no serviço que constrói a cidade, preserva a vida e protege a sociedade. Enquanto isso, os políticos, igualmente sustentados pelo erário, são tratados como salvadores por distribuírem promessas ou migalhas. Essa inversão de valores não surge por acaso: ela serve para invisibilizar quem constrói a cidadania e fortalecer quem perpetua privilégios.

Se a lógica fosse justa, um professor candidato venceria facilmente, considerando a quantidade de alunos votantes, o tempo de serviço e o benefício social que ele oferece. Mas essa vitória nunca acontece. A resposta é seca, cortante, quase irônica: "Só que não".


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Vamos analisar o texto que acabamos de ler. Ele traz reflexões importantes sobre o papel do professor e de outros profissionais, além de questionar a lógica da nossa sociedade. Pensem sobre as ideias discutidas e preparem-se para responder às seguintes questões.


1 - O texto afirma que a dignidade de um ofício não está no contracheque, mas no serviço que ele presta à sociedade. Explique, com suas palavras, o que significa essa afirmação e dê exemplos de como a sociedade valoriza mais o cargo (como o de político) do que a função social (como a de professor, médico ou gari).

2 - A frase "consigo ver o anzol, enquanto vocês ainda se distraem com a isca" é uma metáfora. Analise essa frase e explique qual é o "anzol" e a "isca" na relação entre professor e alunos, segundo o autor do texto.

3 - O texto aborda a inversão de valores que invisibiliza profissionais essenciais e eleva políticos a "salvadores". A partir da sua leitura, discuta como essa inversão afeta a percepção do trabalho e do valor de cada profissão na sociedade.

4 - Em que sentido a discriminação contra o professor pode ser vista como a "prova mais viva da maldade instalada"? Relacione essa afirmação com a crítica do autor sobre a forma como o falso apoio e o ciúme se manifestam na escola.

5 - O texto argumenta que, pela lógica, um professor deveria vencer facilmente uma eleição, mas isso não acontece. Baseando-se no texto, explique o paradoxo dessa afirmação e o que a resposta "Só que não" revela sobre a relação entre o serviço público e o reconhecimento social e político.

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