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MINHAS PÉROLAS

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Gradação: A Trajetória Única da Existência ("Naquele Dia, os céus se dissolverão pelo fogo, e todos os elementos, ardendo, se dissiparão com o calor. — II Pd 3:12)

 


Gradação: A Trajetória Única da Existência ("Naquele Dia, os céus se dissolverão pelo fogo, e todos os elementos, ardendo, se dissiparão com o calor. — II Pd 3:12)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Existem dois caminhos diante de nós, mas eles não se separam; estão em sequência, um após o outro. Sua distinção reside apenas nas circunstâncias, como as cores em um matiz volátil; a trajetória, contudo, é uma só. A existência desses caminhos não pressupõe escolha: o caminho da vida começa de forma automática ao nascermos, e o da morte, por sua vez, inicia-se automaticamente quando o da vida termina. O Diabo (maior incidência do mal) é quem, talvez, manipula nossa visão para que enxerguemos as coisas em paralelo, criando uma deformidade no olhar de quem vê. Na verdade, a sequência dos fatos é uma gradação, manipulada por Deus, pois "todas as coisas contribuem para o bem dos que temem a Deus". Por isso, tudo está em sequência, rumo ao mesmo objetivo, e tanto o querer quanto o realizar vêm d'Ele.

A vida e a morte, assim como a luz e as trevas, não estão em paralelo. Uma semente de caju dará origem a um cajueiro, não a um mamão; e somente ao deixar de ser cajueiro, sua matéria orgânica poderá alimentar um mamoeiro. Em tudo, há um pouco de morte na vida e um pouco de vida na morte. Não há totalidades integrais; sempre há um resquício de luz nas trevas e vice-versa. Apenas a esquerda, de maneira figurada, anda em lado oposto no mesmo nível; fora isso, tudo está junto e misturado.

A esquerda, nesse sentido, pode ser vista como a única forma de oposição real, porque não se contenta com a gradação natural da existência, mas insiste em caminhar contra o fluxo que conduz todas as coisas à compatibilidade do Criador. Sua postura é paradoxal: ao mesmo tempo em que denuncia injustiças, tenta instaurar uma ruptura absoluta onde, na ordem divina, só existem passagens graduais. É justamente por se colocar como contramão radical que a esquerda ganha o estatuto de resistência simbólica — não porque consiga criar um caminho paralelo à vida e à morte, mas porque, ao negar a gradação, expõe o quanto o olhar humano é suscetível à ilusão da separação. Nessa figura, ela não deixa de ser necessária: funciona como lembrança viva de que a visão pode se corromper, e que toda oposição radical é também um espelho distorcido do mesmo processo que pretende contrariar.

Meu batismo é o da compatibilidade ajustada, onde sempre existe um ponto de fusão para a redefinição, uma ação do Criador. Esse ponto culmina no fim do mundo, onde, segundo a escritura, "Naquele Dia, os céus se dissolverão pelo fogo, e todos os elementos, ardendo, se dissiparão com o calor". Tal evento não é um fim, mas um recomeço, um alinhamento final para que tudo se torne novo.

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Questões Discursivas: A Trajetória Única da Existência

1 - O texto aborda a ideia de que nossa visão sobre os "caminhos" da vida pode ser "manipulada", levando-nos a enxergar as coisas "em paralelo" em vez de em "gradação". Pensando em uma perspectiva sociológica, como as normas sociais ou as instituições (como a família, a escola ou a mídia) podem influenciar a forma como os indivíduos percebem os caminhos disponíveis em suas vidas?

2 - A passagem "Em tudo, há um pouco de morte na vida e um pouco de vida na morte. Não há totalidades integrais" sugere uma interconexão entre opostos. Discuta como essa ideia de interdependência pode ser aplicada para entender as relações entre diferentes grupos sociais ou classes em uma sociedade, considerando que nenhum existe de forma "integralmente" separada do outro.

3 - O texto utiliza a "esquerda" como uma metáfora para a "única forma de oposição real" que "insiste em caminhar contra o fluxo". Em que sentido, sociologicamente, os movimentos sociais ou grupos que representam uma "oposição radical" podem ser vistos como "necessários" para a transformação ou para a "redefinição" de uma sociedade, mesmo que contrariem o status quo?

4 - O conceito de "compatibilidade ajustada" é introduzido no texto como um ponto de "fusão para a redefinição". Em uma análise sociológica, como a busca por consenso social ou a resolução de conflitos em uma comunidade ou país pode levar a uma "redefinição" ou a um novo "alinhamento" das relações e estruturas sociais?

5 - Ao final, o texto descreve o "fim do mundo" não como um término, mas como um "recomeço" e um "alinhamento final para que tudo se torne novo". Refletindo sobre as mudanças sociais, como crises econômicas, revoluções ou avanços tecnológicos podem ser interpretados como "fins" de um período que, paradoxalmente, abrem caminho para "recomeços" e novas configurações sociais?

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