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MINHAS PÉROLAS

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

SEM O DOMÍNIO DA INCOERÊCIA ("A mudança é como a morte. Não se sabe como é até que ela chegue." — Jurassic World: Reino Ameaçado)

 


SEM O DOMÍNIO DA INCOERÊCIA ("A mudança é como a morte. Não se sabe como é até que ela chegue." — Jurassic World: Reino Ameaçado)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A escola pública brasileira padece sob um excesso de leis inúteis e ordens momentâneas, que emergem dos caprichos de cada nova gestão. Nesse cenário de "casa da 'mãe Joana'", a alta rotatividade impede que o plantio pedagógico gere bons frutos, e o professor envelhece na profissão sem consolidar uma prática eficaz. Constantemente, surgem "novidades" como o Novo Ensino Médio, onde o "vinho novo se perde no odre velho", ou a Escola de Tempo Integral, que se assemelha mais a uma creche para pais trabalhadores, com professores reduzidos a "babás". Paralelamente, os Projetos das Profissões são introduzidos, submetendo alunos a testes vocacionais, mesmo que a etapa não seja profissionalizante. Essa frenética sucessão de inovações impede qualquer adaptação ou consolidação pedagógica.

O ponto mais grave reside na própria instituição escolar minar a autoridade docente, ao afirmar que o professor é despreparado ou incompetente. Em um movimento contraditório, as notas são artificialmente elevadas para forjar "bonitas estatísticas e coloridos gráficos", culminando na má fama do professorado. Nesse cenário, o clientelismo político se instala, com cada vereador apadrinhando representantes na escola. Gestores, por sua vez, legislam em causa própria, instituindo leis parciais e frágeis, quase feitas para serem rompidas. A violação de uma norma rapidamente desencadeia a anarquia de outras, até que o responsável seja compulsoriamente substituído pela Secretaria de Educação, perpetuando um ciclo vicioso de instabilidade administrativa.

A raiz do problema pedagógico reside na inversão de prioridades: enquanto todos se arrogam o direito de ensinar o professor a ensinar, ninguém se ocupa de ensinar o aluno a aprender. Nesse vácuo educacional, a concessão de presentes e gratificações — o anacrônico “pão e circo” — apenas solidifica o comodismo e a desvalorização de um aprendizado que não exigiu sacrifício algum.

Para enfrentar tal cenário, as críticas devem ser articuladas em blocos claros, desvelando as raízes da instabilidade administrativa, da desprofissionalização docente e do clientelismo político. Os exemplos são abundantes: gestores substituídos como meras peças de tabuleiro, professores compelidos a acatar decretos improvisados e alunos reduzidos a números em gráficos que mascaram a realidade. Contudo, a crítica não pode se restringir ao lamento; é imperativo apontar caminhos. Medidas urgentes incluem a garantia de estabilidade na gestão escolar, a valorização contínua da carreira docente e a redução das interferências políticas. O que se almeja, em última análise, não é um espetáculo de improvisos, mas uma escola onde professores possam verdadeiramente ensinar, alunos possam eficazmente aprender e a comunidade possa confiar no processo educativo como um projeto sério e duradouro.


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Questão 1 - Instabilidade Administrativa

O texto menciona que a escola pública brasileira sofre com "excesso de leis inúteis e ordens momentâneas" que surgem a cada nova gestão. Explique como essa instabilidade administrativa pode afetar negativamente o processo de ensino-aprendizagem e dê exemplos de como isso se manifesta no cotidiano escolar.

Questão 2 - Desvalorização Docente

Segundo o autor, "a própria instituição escolar mina a autoridade docente". Analise essa afirmação explicando como a desvalorização do professor pode criar um ciclo negativo que prejudica toda a comunidade escolar (professores, alunos e famílias).

Questão 3 - Clientelismo na Educação

O texto critica o "clientelismo político" que se instala nas escolas, com vereadores "apadrinhando representantes". Explique o que é clientelismo e como essa prática política pode comprometer a qualidade da educação pública, interferindo nos objetivos pedagógicos da escola.

Questão 4 - Inversão de Prioridades Educacionais

O autor afirma que existe uma "inversão de prioridades" onde "todos se arrogam o direito de ensinar o professor a ensinar, mas ninguém se ocupa de ensinar o aluno a aprender". Reflita sobre essa crítica: o que significa "ensinar o aluno a aprender" e por que isso deveria ser uma prioridade no sistema educacional?

Questão 5 - Soluções para a Crise Educacional

O texto apresenta algumas medidas para melhorar a educação: "estabilidade na gestão escolar", "valorização contínua da carreira docente" e "redução das interferências políticas". Escolha uma dessas medidas e explique detalhadamente como ela poderia contribuir para resolver os problemas mencionados no texto, apresentando também outros caminhos possíveis para transformar a realidade da escola pública brasileira.

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